Então, deixa eu contar duas coisas como introdução, pra quem não sabe. A primeira é que minha memória é impressionante. Eu não esqueço. Claro que eu não sou como uma daquelas pessoas que lembram de TUDO-TUDO, mas se me acontece algo minimamente marcante, eu não esqueço. Eu lembro com riqueza de detalhes coisas que aconteceram há dez anos. Eu tenho algumas lembranças claras de quando estava no Japão, com 2 anos, e assistia Sailor Moon.
Eu tinha mesmo um blog feito só pra contar as histórias e postar os diários dos encontros dos Forest Owls, mas eu deletei esse blog e vocês provavelmente sabem o porquê. Droga. Acho que esses diários se perderam pra sempre, é uma pena.
A segunda coisa é que eu gosto de contar histórias. Eu gosto de contar as coisas bizarras que me acontecem. E eu escrevo razoavelmente bem, então algumas pessoas gostam de ler. Já me falaram que eu devia escrever um livro sobre a minha vida. Bom, eu realmente duvido que alguém compraria isso, mas pelo menos eu posso contar umas histórias aqui.
So... Listen to my story. [começa a tocar To Zanarkand]
Isso aconteceu em 2004, no começo de maio ou no fim de abril. Minha memória é tão precisa assim. Não teríamos aula pela manhã, mas eu tinha combinado com a Ju de irmos ao cotuca pra adiantarmos nosso projeto.
Eu me atrasei um pouco e minha mãe sugeriu que eu pegasse outro ônibus, de uma linha que passava com mais frequência. Tudo bem, então. Eu vou, sento tranquilamente, começo a pensar em algoritmos... Quando percebo, o ônibus está indo por um caminho estranho. Oh-oh.
Naquela época eu era ainda mais tímida do que sou hoje. Eu só fiquei ali parada pensando "pqp, onde eu vou parar?!". E quando dei por mim... Eu estava no cemitério. O ônibus tinha parado no cemitério. Subiu uma velhinha com um vaso de flores. Mesmo com vários lugares vazios, ela sentou do meu lado. E eu finalmente perguntei.
- Er... Esse ônibus vai pro centro?
- Filha, você tá no ônibus errado... Desce no próximo ponto e pega o x.xx.
Ok, eu peguei o ônibus e consegui chegar ao Cotuca. Atrasada, mas com uma aventura pra contar. Não é todo dia que você tenta ir pro colégio e acaba no cemitério. Só que esse ainda não é o fim da história.
Na hora de ir embora, estava chovendo muito. No ponto de ônibus só tinha um velho. Ele veio falar comigo. Eu atraio freetalkers, especialmente malucos e bêbados.
O velho começou a falar sobre como ele tinha servido ao exército, afinal, precisamos cumprir nosso dever. Ele estava muito exaltado e pegou o RG pra me mostrar for no reason, sempre afirmando que tinha cumprido seu dever e que viemos do pó e ao pó retornaremos. Falou também sobre a esposa que tinha morrido, retornado ao pó, que eu não devia me enganar porque ia acontecer comigo também e por isso eu precisava cumprir meu dever.
Fiquei realmente feliz quando o ônibus chegou, porque eu estava ficando com medo. Vai que o cara resolvia me retornar ao pó. No fim ele disse pra eu não esquecer a lição e me deu uma bala. Bom... eu não esqueci, você cumpriu seu dever (?).
hehe, e se a velhinha for esposa do velhinho...
ResponderExcluirEu nunca tinha parado pra pensar nisso!
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